Origem
da data
Em
primeiro de maio de 1886 na cidade de Chicago nos Estados Unidos tem início uma
greve reivindicando a jornada de trabalho de 8 horas. Na época, os
trabalhadores das indústrias eram obrigados a trabalhar até 17 horas por dia
num ritmo de exploração desumano. Mas, a classe trabalhadora descobriu a sua
principal arma para conquistar direitos: a organização política e sindical. Foram,
então, criados os sindicatos, como ferramenta de luta organizada para enfrentar
a poderosa classe burguesa, a proprietária dos meios de produção e, portanto,
dos principais recursos econômicos da sociedade.
Os
sindicatos da cidade de Chicago eram dirigidos pelos anarquistas, grupo político
que defendia o estabelecimento de uma sociedade igualitária e a imediata
destruição do Estado, visto por eles como um balcão de negócios da burguesia.
A
adesão à greve foi massiva e envolveu cerca de 340.000 trabalhadores em todo o
país, mas dois dias depois, em 3 de maio, ocorre um confronto entre os
grevistas a policiais armados, resultando na morte de três trabalhadores. Na
noite seguinte outro confronto com a polícia resultaria na morte de 7 policiais
e de 12 manifestantes, além de dezenas de feridos.
Cinco
militantes anarquistas, Albert Parsons, Adolph Fisher, George Engel, August
Spies e Louis Ling foram responsabilizados por essas mortes e condenados
execução na forca. Um deles cometeu suicídio, Louis Ling, e os outros 4 foram
enforcados em 11 de novembro de 1887. Outros três foram condenados à prisão
perpétua.
Mas,
em 1893 foi feita uma importante revelação: havia sido o chefe da polícia que
tinha organizado todo o atentado para justificar a repressão aos grevistas, que
foram, então, inocentados.
Para
homenagear esses grevistas, mortos injustamente por reivindicar um direito tão
importante para a classe trabalhadora, a Segunda Internacional decidiu convocar
anualmente uma manifestação na mesma data do início da greve de Chicago: o
Primeiro de Maio, que surgia como um dia de luta pela conquista definitiva da
jornada de 8 diárias de trabalho. Na
manifestação de 1891 na França houve outro conflito entre trabalhadores e
policiais que resultou na morte de 10 manifestantes. A Segunda internacional decidiu convocar o
primeiro de maio anualmente na luta por diversos direitos trabalhistas e não
mais apenas pela jornada de 8 horas. Essa conquista foi obtida no período entre
guerras (1919-1939).
Primeiro
de maio no Brasil
No
Brasil essa data era motivo de muitos protestos dos trabalhadores reivindicando
direitos. Para controlar a situação o presidente Arthur Bernardes decidiu
decretar a data como feriado nacional a partir de 1925, transformando-a numa
data de festas e homenagens, descaracterizando a motivação do movimento. O
objetivo não era, de fato, homenagear os trabalhadores, mas enfraquecer sua
luta. Naquela época foi por meio dessas lutas que os trabalhadores obtiveram
direitos hoje importantíssimos: além da jornada de diária de 8 horas, houve a
regulamentação do trabalho da mulher e do menor, o descanso semanal remunerado
e as férias remuneradas.
No
entanto, o presidente Getúlio Vargas, aproveitava o dia primeiro de maio para
regulamentar esses direitos obtidos na luta e se apresentar como o “Pai dos
pobres” por supostamente conceder direitos aos trabalhadores. Em primeiro de
maio de 1940 ele estabeleceu a lei do salário mínimo, no ano seguinte, na mesma
data, ele regulamentou a Justiça do Trabalho e em 1943 implantou a CLT,
Consolidação das Leis Trabalhistas. Tudo
na perspectiva de deturpar o sentido da luta. Até o feriado mudou de nome: os
militantes que lutavam por direitos chamavam de Dia do Trabalhador, para passar
a ideia de protagonismo de classe; o governo conseguiu impor o conceito de Dia
do Trabalho, termo que, sutilmente, esconde a luta e coloca em seu lugar a ação
paternalista do governo, numa forma de dificultar a formação da consciência de
classe entre os mais explorados sociedade.
Dia
de São José Operário
Até
a Igreja Católica se preocupou em desviar o sentido do dia primeiro de maio
quando em 1955 o Papa Pio XII instituiu essa data como o Dia de São José
Operário, para desviar os trabalhadores cristãos das lutas operárias desse dia,
tornando-o num dia de receber as mensagens da Igreja.
Conclusão
O
dia Primeiro de Maio não é uma data qualquer. Ela possui uma simbologia cujo
sentido e razão de ser é disputado por diversos segmentos de classe social. De
uma data de luta por direitos, os governantes transformaram num feriado e dia
de festa.
De
uma data de conscientização de classe, a Igreja Católica instituiu um momento
de aceitação do domínio de uma classe sobre outra.
Enfim,
cabe aos trabalhadores do tempo atual aproveitarem a data para refletirem o seu
significado e buscarem novamente o caminho das conquistas acreditando nas suas
forças.
Autor: Júlio César, professor de História da rede
estadual do Ceará
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